Bike photography: Cesar Delong abre a caixa preta do mundo da bike

Delong é um dos fotógrafos que provavelmente você vai encontrar nos créditos das fotografias de grandes competições de bike no Brasil e no mundo. Ele se especializou no mundo das bikes e já clicou provas do alto dos helicópteros da Internacional Estrada Real, do topo da cordilheira dos Andes no Inca Divide no Peru e até as disputas de campeões mundiais na CIMTB.

Ele nos conta sobre as suas modalidades e mostra um pouco da sua galeria em uma entrevista que se resume a mais imagens e menos palavras.

Cesar, qual é o maior desafio em fotografar bikes e atletas de ciclismo? Alguma modalidade é mais desafiadora?

C: Cara, eu poderia falar que no XCO a dificuldade é o curto prazo para produzir as fotos, poderia falar que no Enduro nós andamos muito para se deslocar de uma especial para a outra, ou falar que no Downhill precisamos que as combinações entre atleta, lugar e momento estejam perfeitos, mas vou deixar para a Maratona como a modalidade mais complexa.

Os motivos são simples na teoria mas que se não tiver alinhado, vai dar errado, são eles: O fotógrafo precisa saber o tempo total previsto para a prova, quais atletas são os mais importantes para aparecer nas fotos (se estiver no briefing), onde serão os melhores pontos para se fotografar, se tem atalhos durante o trecho, qual tipo de veículo vai te levar, se o piloto é bom, conhece a região e conhece o esporte, além do mais importante, ter um toque de sorte para quando estiver no lugar certo, na hora certa, com a luz e câmera configurada corretamente, o atleta que você quer passar e estar em um bom posicionamento na bicicleta. Parece mais simples né! (risos)

Você gosta mais das fotos em movimento ou do estilo sniper?

C: Tem fotógrafos que curtem planejar a foto, combinar com o atleta, colocar flashs e ficar esperando um tempão para fazer 1 clique, eu já prefiro o estilo freestyle… não costumo ficar atrás da moita esperando o atleta chegar, mas também não interfiro na situação. Resumindo, gosto de clicar o que está acontecendo, quando eu puder. Vou para a pista pensando onde farei as fotos e em qual momento, tenho um checklist e roteiro, mas gosto de sair da caixinha na hora H. Aí que a galera se refere ao feeling na arte, algo que vem em frações de segundos, apenas surge um insight e boom!

O Inca Divide é uma ultramaratona onde os atletas pedalam mais lentamente, porém pedalam o dia inteiro. Como era a rotina de fotografia nesse evento?

C: No quesito produção de conteúdo, foi extremamente cansativo e relativamente fácil ao mesmo tempo. Todo fotógrafo ou filmaker ‘’sonha’’ com a possibilidade de utilizar o dia todo para fazer o seu produto, o gap de ter 8, 10, 12 horas por dia é confortante porque você sabe que se nessa parte a foto saiu ruim, logo ali na frente pode rolar e te salvar.

Produzimos muito durante o dia todo, no fim ficava ótimo, cheio de material. A parte difícil foi ficar essas 12 horas dentro do carro, dirigindo, navegando, criando estratégias para a próxima refeição, onde iríamos dormir, e aguentar todo esse tempo em boas condições físicas. Maioria dos dias acordávamos perto das 6h da manhã e íamos dormir a hora que dava, onde dava.

Você não faz fotos aéreas com drones, mas tem uma boa galeria de imagens do alto do helicóptero. Como saem essas fotos? Você guia o piloto?

C: Olha, que oportunidade incrível não é mesmo? Na era dos drones, poder cobrir vários eventos durante o ano voando em um helicóptero é gratificante demais! Eu diria que é extremamente necessário ter um pouco de conhecimento de aviação, pois a todo momento precisamos guiar o piloto e usar alguns termos técnicos ajuda bastante. A visão lá de cima é muito ampla, da para avistar lá na frente algo legal e direcionar a ida até lá, posicionar a aeronave para tirar a foto que imaginou segundos atrás. As vezes voamos por 1 hora ou mais, e no fim, passa bem rápido. Voamos sem porta, é um detalhe legal de se comentar. O vento não tão gelado e a sensação de liberdade é bem gostosa. A, as fotos? Não tem melhores.

Você define algum estilo de tratamento para as suas fotos? Alguma particularidade que é exigida pelo ciclismo?

C: Creio que hoje praticamente toda fotografia publicada passa por um processamento via software digital. Uma correção de luz aqui, cores sendo tratadas para ficar mais sutil, um detalhe que poderia interferir na foto ali. Não há algo em específico para o ciclismo ou outra área.

Quais foram os maiores eventos e atletas que você já fotografou?

C: No Brasil hoje temos alguns principais eventos durante o calendário anual e posso dizer que já estive em quase todos. Sempre tem eventos legais surgindo e tem outros batendo data na agenda e ano após ano tenho que escolher um entre dois ou três no mesmo final de semana.

Quanto a atletas, nas modalidades já citadas acima, creio que todos os mais relevantes a nível nacional já tenham sido flagrados por uma das minhas câmeras.

Por fim, fale sobre um fotógrafo que você admira e que poderia participar do próximo Bike Photography aqui na Revista.

C: Olha, sou suspeito para falar. Trabalho com ele, viajo com ele, brigo com ele, mas ele sabe que é a minha primeira maior referência na fotografia esportiva nacional, o senhor barbudo excêntrico chamado Fábio Piva.

O site do Delong é o www.cesardelong.com e lá tem todo o portfólio e outras histórias de imagens!

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Eu tô voando alto Sigo na minha luta e trabalhando dobrado Poze, mc

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