Calor na Batalha e Sete Voltas: Os desafios da 4ª Etapa da Brasil Ride exigem muito dos competidores

Mesmo com tempo entre nuvens, a temperatura castigou os ultramaratonistas com 30°C e a sensação térmica chegando a 40°C no percurso

O Morro da Batalha foi um dos maiores desafios dessa etapa que ainda teve a temida e sinuosa Sete Voltas (Créditos: Alemão Silva/ Brasil Ride)

Os desafios da Brasil Ride continuam. Depois da chuva e lama dos primeiros dois dias na Vila Brasil Ride, em Guaratinga, o clima esquentou e a 4ª Etapa – a Etapa Rainha – exigiu muito dos competidores. Principalmente por conta da distância (101,2 km) e altimetria (2.670 m) acumuladas e a junção de lama secando, sol e temperaturas chegando a 40°C. O dia foi de singletracks alucinantes, downhills técnicos, trechos entre estradas rurais para ultrapassagens e paisagens incríveis. Teve também muita emoção e desafio com a subida da Batalha e a sinuosa e exigente Sete Voltas, onde poucos ciclistas conseguem subir sem colocar os pés no chão. O jeito, para muitos, foi empurrar a bike morro acima. Não à toa essa etapa é conhecida como a mais importante da competição e divisora de águas da Ultramaratona.

Com a vitória,  Gustavo Xavier passou da sétima posição para o terceiro lugar da classificação geral (Créditos: Alemão Silva/ Brasil Ride)

Invicta, Tessa Kortekaas larga com a jersey de líder feminina (Créditos: Wladimir Togumi/ Brasil Ride)

Ao menos para Gustavo Xavier (Specialized Racing Br) – primeiro a cruzar a linha de chegada da etapa 4 da Elite Masculina e que na 5ª etapa assumirá a camisa amarela –, a prova foi mesmo um divisor de águas que o tirou da sétima posição para o terceiro colocado da classificação geral. Ele agora divide o pódio – até o momento – com Martin Vidaurre e Tiago Pereira (primeiro e segundo lugares, respectivamente). Já Hans Becking perdeu a camisa e 11 posições, e decidiu por abandonar a disputa.

Realizando a sua primeira maratona de 2024, Xavier se emocionou com a vitória. “Fazia tempo que não me emocionava assim em cima da bike. Não tinha intenção nenhuma de abrir no começo da prova, mas fiz uma largada um pouco mais forte para tentar ganhar um pouco de respeito no pelotão, pois sabia que na Batalha e na Sete Voltas ia sofrer muito. Acelerei já no começo e vim controlando e fiz a prova no meu passo. Eu vi que o gap diminuiu um pouquinho, só que mesmo assim, mantive um tempo legal. Entendi o porquê do ‘Morro da Batalha’, ali foi batalha mesmo. A etapa de amanhã é mais longa, mas estou animado”, revelou o atleta, que fez o tempo de 3h22m40s240ms.

Com pouco mais de 4 minutos de diferença, Martin Vidaurre (Specialized Factory Racing), em sua primeira Brasil Ride, sentiu a pressão do calor e da prova. O chileno foi o segundo colocado com 3h26m57s337ms “Não estava me sentindo bem, mas melhorei e como não sabia o que fazer segui o ritmo do Tiago [Ferreira], porque ele conhece muito bem esta prova e é muito bom. Quando vi a primeira grande subida, segui no meu passo e cheguei com o que fiz. Hoje me surpreendi: eu nunca havia corrido tantos quilômetros. A última parte foi a mais difícil para mim, porque vai batendo o cansaço mais forte”, destacou o ciclista. O terceiro colocado foi o austríaco Manuel Pliem (Pure Humanpwr), que completou a prova com 5 minutos de diferença do número 1 do pódio (3h27m45s473ms). Experiente, o português Tiago Ferreira (Vouzela Bh Tf) comentou sobre a disputa da etapa, à qual garantiu o terceiro lugar no pódio (4h48m41s077ms; 04m43s507ms). “Hoje finalmente saiu o sol da Bahia, típico daqui. Com esta umidade e o calor, a etapa que já era dura ficou ainda mais: era uma mistura de barro com calor e umidade. O dia foi bom, extremamente duro, mas no fim acabou por ser um dia positivo. Toda a etapa é extremamente dura, porque quem pensa que as Sete Voltas é dura, há duas subidas antes, extremamente difíceis, e a parte final já pesa muito, porque são muitos quilômetros, o desgaste já é muito grande. Não há uma zona mais complicada, toda a etapa é extremamente exigente”, ressaltou.

A 4ª Etapa foi uma junção de longa distância (101,2 km) e altimetria (2.670 m) acumuladas, sol escaldante e temperaturas chegando a 40°C (Créditos: Wladimir Togumi/ Brasil Ride)

Singletracks e downhills técnicos, trechos entre estradas rurais para as ultrapassagens, paisagens incríveis e muita emoção fizeram parte do trajeto da Etapa Rainha (Créditos: Wladimir Togumi/ Brasil Ride)

Feminino A etapa deu um gap na colocação da holandesa Tessa Kortekass (Cannondale Isb Sport), que segue líder geral com diferença de quase 50 minutos para a segunda colocada, Irina Luetzelschwab (Team Bulls Swiss). A holandesa finalizou a Etapa Rainha com 5h37m47s873ms. A atleta, que é veterana da Brasil Ride, explicou que a prova foi bem difícil, com subidas duras e que diversas vezes foi preciso empurrar a bike. “É um turbilhão de sentimentos, porque sofremos pela prova, mas por outro lado, é um privilégio estar aqui e apreciar uma corrida assim. Estou muito grata à Brasil Ride e ao time Cannondale ISB Sport por estar aqui. Já estamos pensando nas estratégias e amanhã será outro dia longo. Estou feliz por ter ganhado outra vez e continuar defendendo a Jersey de líder”, comentou.

A segunda colocada na etapa foi a brasileira Karen Olímpio (Soul Cycles Free Force), com o tempo de 5h56m38s637ms. Ela, que é a terceira colocada na classificação geral e primeira do American Woman, disse que a prova foi bem desafiante devido às condições extremas de tempo e de problemas mecânicos. “Devido às condições, vim lutando com algumas dores no corpo. O pelotão largou forte, mas um pouco menos do que nos dias anteriores. Fiz uma boa estratégia, eu sabia que a prova ia ser bem dura e as etapas muito intensas, o ritmo, pesaram um pouco para mim, mas eu estou bem feliz de ter conseguido mais um segundo lugar na Etapa Rainha. Não vi a hora de chegar para descansar e digerir o que realmente foi a disputa de hoje. Eu sabia que ia ser bem intenso, que ia ser muito mental. Ainda tem mais alguns dias pela frente, eu acredito que tudo pode acontecer. Está sendo uma experiência muito boa para mim competir com essas super atletas Tessa e Irina. O mais difícil para mim é empurrar, porque desgasta bastante o corpo, machuca os pés”, salientou.

Em terceiro lugar, com tempo de prova de 6h05m00s650ms, a suíça Irina Luetzelschwab (Team Bulls Swiss) concordou com as adversárias e declarou que esse foi a prova de MTB mais difícil de sua carreira e da sua vida. “O calor me fez ficar mal e eu não queria continuar. Não sei como eu consegui finalizar. As duas subidas foram muito duras e tivemos que caminhar muito”, comentou.

Comemoração – A comemoração se estendeu para a tarde da etapa Rainha com os jovens do grupo Capoeira de Guaratinga se apresentando na área do restaurante. Os capoeiristas também puderam conhecer a estrutura da fascinante Vila Brasil Ride.

Se o desafio dessa 4ª Etapa já deu o que falar, o da próxima será ainda mais impressionante. A volta para o distrito de Arraial d’Ajuda promete ainda mais ação, nos 137,4 km de distância e nos 2.155 m de altimetria acumulada. O tempo seco e quente deve dominar toda a corrida e quem reclamou da chuva, provavelmente irá pedir a água dos céus. O bom é que ao chegar em Arraial, o banho de mar estará à espera, saudando esses heróis do pedal. Bradesco apresenta a Brasil Ride Bahia 2024. Patrocínios de Bradesco, Vibra Energia, Mitsubishi Motors, Kona Bicycles e Unidas – Aluguel de carros, Sram, Fox, Garmin, Magura, Comerc Energia, Gasolina Podium, Shokz, Zipp, Vitória Pneus, Rock Shox, Alquimia da Saúde e Coca-Cola. Apoio institucional Parque Nacional do Pau Brasil / ICMBio. Chancela da União Ciclista Internacional (UCI), Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e Federação Baiana de Ciclismo (FBC). A organização é do Instituto Brasil Ride.

A quarta etapa da Ultramaratona teve largada na Vila Brasil Ride (Créditos: Fabio Piva/ Brasil Ride)

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