Mercado de bicicletas elétricas cresce 24,5% nos primeiros oito meses de 2021
Levantamento realizado pela Aliança Bike aponta produção e importação de mais de 26 mil e-bikes no período analisado
Se desde o ano passado o mercado brasileiro de bicicletas vem se ampliando consideravelmente, a mesma realidade também se aplica aos modelos elétricos. Depois do recorde de 32.110 bicicletas elétricas comercializadas no ano passado, de janeiro a agosto de 2021 os números continuam apontando um crescimento consistente: foram 26.671 bicicletas elétricas produzidas e importadas no Brasil neste período. Este dado representa um volume 24,5% superior ao mesmo período de 2020.
Os dados são da Aliança Bike (Associação Brasileira do Setor de Bicicletas), contemplando dados de três fontes primárias distintas: a base Siscori, da Receita Federal; monitoramento de associados da Aliança Bike; e dados de produção no Polo Industrial de Manaus, da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).
No período analisado, o pico de bicicletas elétricas produzidas/importadas aconteceu no mês de agosto, com 4.862 unidades. Mês a mês, assim se comportou o mercado de elétricas em 2021:
Janeiro: 3.517 unidades
Fevereiro: 3.830 unidades
Março: 2.355 unidades
Abril: 2.795 unidades
Maio: 3.546 unidades
Junho:
2.393 unidades
Julho: 3.372 unidades
Agosto: 4.862 unidades
Do total de bicicletas elétricas produzidas/importadas de janeiro a agosto, 11.439 (42,9% do total) foram importadas inteiras; 15.232 (57,1% do total) foram montadas no Brasil, sendo 10.524 (39,5% do total) montadas em vários Estados (principalmente da região Sudeste) e 4.708 (17,6% do total) montadas no Polo Industrial de Manaus.
No início de 2021, a Aliança Bike havia projetado que o mercado de bicicletas elétricas teria um crescimento recorde. Foram dois cenários: um mais conservador, projetando 39,5 mil unidades, e um mais otimista, que alcançava 43 mil unidades até o final do ano.
“Com os dados que já temos em mãos, podemos afirmar que a projeção para 2021 está mais próxima do cenário otimista que havíamos previsto. É importante ressaltar que este é um crescimento orgânico, impulsionado principalmente por mudanças nos hábitos de locomoção e de atividade física da população”, comenta Daniel Guth, diretor executivo da Aliança Bike.
Com base nos números já apurados de 2021, a projeção para 2021 é crescer 34% em relação a 2020.
Contexto histórico
A Aliança Bike iniciou o monitoramento do mercado de bicicletas elétricas no Brasil no ano de 2016. Desde então, já foram colocadas em circulação mais de 120 mil bicicletas elétricas no país.
Existem especulações de que a alta na procura das bicicletas elétricas pode ter relação com o aumento no valor dos combustíveis – mas essa situação, pelo menos por enquanto, não tem conexão com as vendas das bikes elétricas. Os números dos últimos 6 anos comprovam um crescimento sustentado desde 2016 – no período citado, sem contar ainda 2021, o crescimento médio foi de 34% ao ano, que é a mesma projeção de crescimento estimada para este ano.
“Não é possível afirmar que a alta do preço dos combustíveis tenha influência nas vendas de bicicletas elétricas. Primeiro, por ser um fenômeno ainda recente. E depois, pesquisas indicam que razões econômicas impactam menos do que outras, considerando a atual migração do automóvel para a bike elétrica, por exemplo. Isso considerando o cenário em que as bikes elétricas ainda são sobretaxadas e, portanto, são pouco acessíveis à maior parcela da população”, explica Guth.
Carga tributária
Embora com números positivos, o mercado de elétricas no Brasil ainda está muito distante de todo o potencial. Especialmente dois fatores encabeçam a lista de razões: a falta de políticas públicas como ciclovias e bicicletários e a falta de tratamento tributário adequado.
Na parte tributária, equivocadamente as bikes elétricas são equiparadas aos ciclomotores e não às bicicletas convencionais, apesar de Resoluções do CONTRAN desde 2013 afirmarem o contrário. Ao todo, os impostos relacionados às e-bikes alcançam 85% do custo – cerca de 10% acima das convencionais.
Importante ressaltar que este é o cálculo frio, feito com base apenas nas alíquotas. Entretanto, tributaristas não consideram apenas a soma das alíquotas com impostos incidindo sobre o outro – o que é chamado de efeito cascata.
Outro dado relevante vem do levantamento apresentado na Revista Bicicletas Elétricas de 2020, desenvolvida por Aliança Bike e Multiplicidade Mobilidade. Pesquisa inédita realizada com ciclistas aponta que 90% dos ciclistas que utilizam o veículo acreditam que o preço mais acessível faria com que mais pessoas comprassem bicicletas elétricas.
Sobre a Aliança Bike
Criada em 2003 e formalizada em 2009, a Aliança Bike tem como missão principal fortalecer a economia da bicicleta, além de trabalhar para que mais pessoas pedalem no Brasil. A entidade atua em diversas frentes de trabalho para atingir os objetivos. Conta com mais de 160 associados entre fabricantes, montadores, importadores, distribuidores e lojistas.
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