A dieta ideal para ciclistas com diabetes
Devemos apostar em carboidratos para melhorar a performance?
Para um atleta com diabetes tipo 1, grande parte da vida gira em torno de tentar equilibrar a quantidade de insulina aos níveis de açúcar no sangue. É um trabalho constante – o efeito de uma determinada dose de insulina é muitas vezes difícil de prever. A ingestão de carboidratos aumentará o açúcar no sangue, mas o tipo de alimento, a quantidade e o momento podem resultar em glicemias diferentes.
Fora da bike
Fora da bicicleta, a dieta de um diabético não precisa ser necessariamente diferente da de outros ciclistas.
Entretanto, diabéticos devem dar atenção especial aos carboidratos. Como é o macronutriente que aumenta a glicemia de forma mais rápida e direta, muitos diabéticos optam por uma dieta com menos carboidratos. Simplesmente porque é mais fácil não ter que lidar com a gangorra glicêmica que eles podem causar.
Além da quantidade de carboidratos, a fonte deles também deve ser considerada. Muito se fala a respeito do uso de fontes integrais, cuja velocidade da absorção é menor. Certamente as fontes integrais de carboidratos fazem bem a saúde de forma geral, tem mais nutrientes por serem menos processadas e melhoram a microbiota intestinal, o que por si só já traz inúmeros benefícios que são assunto para outro artigo. Para um diabético, porém, mesmo os carboidratos integrais levarão a hiperglicemia caso a insulina não seja ajustada – apenas levará mais tempo para essa glicemia subir. O fato de o carboidrato ser integral não significa um free-pass do diabético para a carbolândia. Imagine que você use injeções de insulina ultra-rápida e faça contagem de carboidratos para as refeições e, em uma ocasião, acabe ingerindo uma quantidade muito grande de carboidratos integrais de uma vez: mesmo calculando a quantidade certa de insulina necessária para aquela quantidade de carboidratos, a lentidão da absorção dos carboidratos integrais junto ao excesso de comida pode levar a hipoglicemia a curto prazo e hiperglicemia tardia. Algo similar pode acontecer ao combinar uma fonte de carboidratos com um excesso de gorduras por exemplo, que também retardam a absorção da glicose. Ou seja: conhecer os alimentos para combinar o tempo de ação e a quantidade de insulina é primordial.
Na bike
Durante os treinos, usar um monitor de glicose continuo pode ser muito útil, se pode ver a glicemia sem descer da bicicleta. Sabemos que esses aparelhos não são muito acessíveis, então se o ciclista diabetico não tem um, deve sempre procurar sair para treinar com a glicemia dentro de um intervalo seguro (entre 100-250 mg/dL), levando seus apetrechos diabéticos, incluindo um gel ou outro carboidrato de rápida absorção para o caso de a glicemia se tornar muito baixa.
Recuperação
Qualquer ciclista, diabético ou não, precisa repor os estoques de glicogênio muscular ao chegar de um treino. Para quem não é diabético, isso significa se alimentar com carboidratos e proteínas e o corpo faz o resto. Para diabéticos também não tem segredo: carboidratos e proteínas numa proporção de aproximadamente 3:1 e usar a insulina necessária para cobrir essa refeição.
Autoconhecimento
Diabetes é uma condição muito individual. Como isso afeta uma pessoa é algo que precisa ser observado ao longo do caminho. Após o diagnóstico, tudo é uma enorme curva de aprendizado. A chave é aprender com as próprias experiências.
Um método que pode ser muito útil para identificar tendências da glicemia e aprimorá-las é escreve-las em um diário. Por mais antiquado que pareça, anotar a glicemia, a dose de insulina, os alimentos, os horários e os exercícios (incluindo percepção de esforço, frequência cardíaca, duração do treino – quanto mais informação, melhor) pode ser valioso no planejamento de uma rotina alimentar. Estudar o corpo é essencial.
Conclusão
Não existe dieta genérica ou uma única receita para todos os casos. O diabético que aprende com as próprias experiências e cuida da glicemia não precisa pensar em complicações nem um minuto da vida. Todos os alimentos são possíveis, desde que haja planejamento e insulina.
Texto : Anaísa Marques
Anaísa é veterinária, mestre em biologia animal, triatleta amadora e tem diabetes tipo 1. Ao longo de muitos anos, aprendeu como fazer para o esporte deixar a diabetes mais fácil.
Lirisson
Parabéns pela matéria , ajudando muitos atletas , primeira vez que vejo o assunto abordado com tanta clareza e informação , segue o plano.
Ricardo Otero
Parabéns pelo texto e exemplo !! Sucesso !!
Hugo Abreu
Boa Anaísa, tirou onda!!
Jaiuson José Dos Santos
Parabéns pela matéria sou diabético tipo 2 e tenho me sentido bem e uma vontade de pedalar mais forte , porém tenho rendimento a tarde.
Rosanalola
Sou diabética e sou fraca nos pedais pela manhã , tenho rendimento á tarde, acho que o que como durante o dia me ajuda a ter forças e disposição á tarde