Salar de Uyuni de bike – viajar na Bolívia
O Salar de Uyuni é um destino de cicloviajantes e turistas do mundo inteiro, portanto, anote estas dicas sobre segurança, caminhos e como conhecer o maior deserto de sal do mundo.
Você já deve ter lido a respeito do Salar de Uyuni e sabe que este é o maior deserto de sal do mundo, que atrai turistas do mundo inteiro, todos os dias da semana. Ele está a quase 4 mil metros de altitude, portanto oxigênio pode ser algo escasso. Vale a pena aclimatar-se, principalmente se você pretende pedalar por lá.
O sal presente no salar pode detonar a sua bicicleta e principalmente o seu carro. Parece neve, mas o que aparece nessa foto é puro sal na bike. Existem histórias, provavelmente verídicas, de motoristas que entraram lá de camionete e elas pararam de funcionar em menos de 20 minutos, deixando todos os passageiros ilhados no meio deste deserto, sem comunicação nem água potável.
O sal não vai causar problemas à sua bike se você lavar ela imediatamente assim que sair do Salar de Uyuni e lubrificar TODAS as peças metálicas. Atenção: TODAS as peças metálicas.
Eu cometi o erro de não lubrificar os niples dos raios (onde o raio conecta com o aro) e 6 raios estouraram dez dias depois que eu saí do salar (foto acima) – devido a corrosão que foi aumentando ao longo dos dias.
Outras histórias dizem que equipamentos GPS podem parar de funcionar a qualquer momento – os meus equipamentos Garmin e Spot não apresentaram estes problemas, mas vale acreditar em qualquer boato e ter mais de um equipamento. Quando você está la dentro é muito fácil ficar perdido e não saber o caminho para sair! Se você estiver no meio do deserto é possível que perca de vista as montanhas e qualquer referência visual para se encontrar. Marcas de pneus dos carros podem te orientar ou te confundir ainda mais.
O efeito de espelho não dura o ano inteiro. Ele acontece durante 3 meses do ano, quando o salar está alagado. De manhã venta menos, isso deixa a camada de água sem nenhum movimento, otimizando o efeito do reflexo. Programe-se para ir em janeiro e fevereiro para o período que ele está alagado.
Janeiro e fevereiro são também os meses mais quentes do salar de uyuni, algo próximo dos 5 graus. No inverno (junho a setembro) quando ele está seco, o frio chega a -15. Em compensação, é mais fácil pedalar por que o piso fica todo duro e sem áreas de alagamento. Turistas visitam o Salar durante o ano inteiro, não recomendo que você se prenda a ver o fenômeno dos meses de alagamento.
Somente carros com adaptação interna no motor podem passar pelas áreas de alagamento. Com a sua bike você pode se atolar até os joelhos ou cintura se escolher o local errado para passar. Estas áreas de alagamento (marrons imagem abaixo) só acontecem nas bordas do deserto. Lá dentro o piso é homogeneizado e duro.
Os cristais de sal são muito curiosos e é mais fácil entender como o piso é duro igual concreto.
Vamos aos caminhos: O salar de Uyuni está perto do Chile e Argentina. Muitos tours te levam de carro desde Salta e Jujuy (Argentina) até San Pedro de Atacama (Chile) e por fim até o Salar de Uyuni na Bolívia, ou somente metade disso. Este tour dura entre 5 e 10 dias. O que eu fiz de bike foi o caminho roxo abaixo:
Saindo de Calama (Chile) eu passei por uma fronteira para a Bolívia que se chama Paso Ollague, onde está o Vulcão Ollague. É um caminho desértico, mas mais habitado do que o caminho que sai de San Pedro de Atacama. Ainda por cima, é o caminho que possui mais trechos asfaltados, logo, o trajeto roxo foi o que me pareceu mais fácil. Neste caminho você vai encontrar outros pequenos salares e paisagens muito bonitas.
O Salar de Uyuni é a área branca neste mapa, possível ser visto de longe no google Earth.
Depois que você já entrou na Bolívia é possível chegar até a cidade de Chuvica (mapa acima) e entrar no Salar para cruzar até a cidade de Uyuni, que é a principal cidade base turística do Salar, próximo a Colchani, uma pequena vila ainda mais próxima deste acesso para o deserto. No heatmap do Strava (print abaixo) é possível ver as principais rotas (praticamente linhas retas) feitas por ciclistas no salar de uyuni.
Sim, todas passam lá pelo meio para visitar o monumento do Raly Dakar do Salar de Uyuni.
As cidades são bem mais seguras que o Brasil. É difícil que aconteça um assalto por lá, basta que você mantenha seus pertences com você o tempo todo. Lembre-se de ter dinheiro vivo, quase nenhum estabelecimento aceita cartão de crédito.
Fotos: Breno Bizinoto
Abaixo, o vídeo que conto a história e experiência de viajar por ali.
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